Trump publica carta para Bolsonaro e diz que processo contra ex-presidente deve terminar ‘imediatamente’
Bolsonaro: vamos supor que Trump queira anistia, é muito?
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou nesta quinta-feira (17) uma carta endereçada a Jair Bolsonaro (PL), em que o defende o ex-presidente do Brasil e faz uma crítica à Justiça brasileira.
“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente!”, afirma Trump.
Sem provas, o republicano alega que o governo brasileiro realiza “ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos EUA”. O texto foi publicado por Trump em sua conta da rede social da qual ele é dono a Truth Social.
A defesa do ex-presidente vem na esteira de um tarifaço e de uma investigação contra supostas práticas comerciais desleais do Brasil promovida por seu governo.
No último dia 9, Donald Trump assinou uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na qual anunciou a tarifa de 50% alegando, por exemplo, que os Estados Unidos têm uma relação comercial desfavorável com o Brasil.
Na verdade, segundo os dados oficiais, os EUA têm superávit, ou seja, mais exportam para o Brasil que importam em valor agregado.
Desde o anúncio da nova taxação, Trump saiu repetidas vezes em defesa de Bolsonaro. “Acredito que isso seja uma caça às bruxas e que não deveria estar acontecendo”, disse o presidente, na última terça (15).
Montagem com as fotos de Jair Bolsonaro (à esquerda) e Donald Trump
Fellipe Sampaio/STF e WIN MCNAMEE / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
Bolsonaro é réu por tentativa de golpe
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. As acusações fazem parte das alegações finais apresentadas na ação penal que apura a tentativa de ruptura institucional planejada pelo núcleo próximo ao ex-presidente.
Segundo a PGR, Bolsonaro liderou uma organização criminosa armada voltada a desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques a instituições democráticas e articular medidas de exceção.
Em interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) em junho, Bolsonaro negou que tenha liderado a trama golpista.
Em março, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade tornar réus o ex-presidente e mais sete aliados por tentativa de golpe em 2022. Os cinco ministros votaram para aceitar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
No dia 10 de junho, Bolsonaro prestou depoimento. Ele negou as principais acusações, buscou contextualizar reuniões com militares, admitiu exageros na retórica contra o sistema eleitoral e afirmou que não teve qualquer envolvimento com planos ilegais.
Em 27 de junho, a ação penal que apura a participação do núcleo político e operacional na trama golpista para manter Bolsonaro no poder avançou para a fase final no STF.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, encerrou a chamada fase de instrução processual e determinou a abertura das alegações finais, etapa em que as partes — acusação e defesas — podem apresentar as últimas considerações antes do julgamento.
Até o momento, 497 pessoas foram condenadas pelo STF por tentativa de golpe de Estado em 2022. A maior parte foi considerada culpada pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, dano qualificado, golpe de Estado, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa. Oito pessoas foram absolvidas.
Leia o que diz a carta na íntegra:
“O Honorável
Jair Messias Bolsonaro
38º Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília
Caro sr. Bolsonaro:
Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Este julgamento deve terminar imediatamente! Não estou surpreso em vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte que serviu bem ao seu país.
Compartilho seu compromisso de ouvir a voz do povo e estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, vindos do atual governo. Manifestei veementemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio de nossa política tarifária. É minha sincera esperança que o Governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar oponentes políticos e acabe com seu ridículo regime de censura. Estarei observando de perto.”
Esta reportagem está em atualização.