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De aliado confiável a alvo de ultimato: como Trump mudou de opinião sobre Putin em seis meses
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De aliado confiável a alvo de ultimato: como Trump mudou de opinião sobre Putin em seis meses

Trump ameaça ‘tarifas severas’ à Rússia caso não haja cessar-fogo na Ucrânia em 50 dias
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta segunda-feira (14) aplicar um pacote “tarifas severas” à Rússia caso o governo de Vladimir Putin não alcance um acordo de paz na Ucrânia em um prazo de até 50 dias.
Além disso, em reunião com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, o republicano prometeu uma nova leva de armamento às tropas ucranianas, selando a retomada das ajudas dos EUA a Kiev e uma reaproximação com o governo ucraniano.
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O encontro marca uma mudança clara de postura de Trump em relação a Putin desde o início de seu segundo mandato, iniciado no fim de janeiro.
Trump, que evitou se posicionar durante sua última campanha à Presidência, havia se colocado como garantidor da paz entre Moscou e Kiev, prometendo que encerraria o conflito “em 24 horas”. Veja, a seguir, como ele manobrou sua posição sobre a guerra nos últimos meses:
Durante a campanha: fiador da paz
Mais de um ano antes de ser eleito presidente pela segunda vez, Trump disse que era capaz de encerrar a guerra na Ucrânia em apenas um dia. Em entrevista à rede CNN, afirmou que se sentaria com os governos russo e ucraniano para um acordo.
“Se eu fosse presidente, eu resolveria essa guerra em um dia, em 24 horas. Eu me encontraria com Putin, me encontraria com Zelensky. Ambos têm fraquezas e ambos têm forças”, disse.
Afirmações semelhantes foram feitas nos meses seguintes:
Trump disse que sabia o que cada lado queria e afirmou durante a campanha eleitoral que iria acabar com a guerra em 24 horas.
Em julho de 2024, o embaixador da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzya, descartou que Trump resolveria a “crise na Ucrânia” em apenas um dia.
Em março deste ano, o presidente americano foi questionado sobre a promessa. Em entrevista ao programa “Full Measure”, ele afirmou que estava sendo “um pouco sarcástico” quando disse que resolveria a guerra em 24 horas.
Aproximação com Putin
Donald Trump e Vladimir Putin
AP Photo
Uma vez de volta à Casa Branca, Trump passou a sinalizar uma aproximação com o líder russo, Vladimir Putin.
Em fevereiro, menos de um mês após a posse, o republicano disse confiar em Putin e defendeu o retorno da Rússia ao G7, grupo que reúne as principais economias do mundo, do qual Moscou foi suspensa após o início da ofensiva na Ucrânia.
Em uma mensagem em sua rede social, Trump disse no dia 12 de fevereiro ter conversado com Putin por telefone durante uma hora e meia: “Concordamos que nossas equipes iniciarão negociações imediatamente e começaremos ligando para o presidente Zelensky, da Ucrânia, para informá-lo sobre a conversa — algo que farei agora mesmo”, escreveu o presidente.
No dia seguinte, Trump disse acreditar que Putin queria a paz no conflito. Uma semana depois, em 18 de fevereiro, autoridades americanas e russas se reuniram em Riade, na Arábia Saudita, sem a presença de diplomatas ucranianos, para negociar uma possível resolução para a guerra.
Seu gabinete também sinalizou um alinhamento com a visão do Kremlin. Ainda em fevereiro, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, disse que o restabelecimento das fronteiras de 2014 entre Rússia e Ucrânia, com a devolução da Crimeia e outros territórios a Kiev, era “irrealista”.
Humilhação de Zelensky
Trump e Zelensky trocam farpas no Salão Oval
Numa cena rara entre dois líderes mundiais, Trump bateu boca com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em pleno Salão Oval da Casa Branca, durante uma visita de estado do ucraniano.
A cena começou quando Zelensky se mostrou desconfiado quanto ao compromisso de Putin de encerrar a guerra. Ele chamou Putin de “assassino”.
O vice-presidente americano JD Vance disse: “Senhor Presidente, com todo o respeito. Acho desrespeitoso da sua parte vir ao Salão Oval e tentar debater isso diante da mídia americana”. Quando Zelensky tentou responder, Trump levantou a voz:
“Você está apostando com a vida de milhões de pessoas. Você está apostando com a Terceira Guerra Mundial. Você está apostando com a Terceira Guerra Mundial, e o que você está fazendo é muito desrespeitoso com este país, um país que te apoiou muito mais do que muitos disseram que deveria”, afirmou Trump a Zelensky.
“Você tem que ser grato. Você não tem as cartas. Você está encurralado aí. Seu povo está morrendo. Você está ficando sem soldados”, disse Trump.
O encontro foi definido pela imprensa internacional como uma “armadilha” para humilhar Zelensky. No início de março, Trump suspendeu a ajuda militar americana à Ucrânia.
Críticas à Otan
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth
REUTERS/Yves Herman
Ao mesmo tempo em que fazia acenos para o Kremlin, Trump realizou ataques à Otan, a aliança militar do Ocidente que reúne os EUA e as potências europeias.
Também em fevereiro, o secretário da Defesa dos EUA, Pete Hegseth, insinuou que a Europa estava contando com o apoio militar incondicional dos americanos para frear o impulso expansionista de Putin.
“Não se enganem! O presidente Trump não permitirá que ninguém transforme o Tio Sam em ‘Tio Otário'”, afirmou Hegseth, acrescentando: “A Europa deve ser a principal responsável pela defesa do continente europeu”.
Em paralelo, Trump deu declarações provocativas a membros da Otan, como a Dinamarca, insinuando o desejo de incorporar a Groenlândia ao território americano.
Europeus articulam mais apoio militar
Frente aos movimentos de Trump na Casa Branca, os líderes europeus passaram a articular já em fevereiro uma nova atitude em relação ao conflito entre Ucrânia e Rússia.
Em encontros de emergência, a cúpula europeia defendeu o envio de tropas e forças de paz à Ucrânia após um eventual acordo para garantir a manutenção das fronteiras.
Além disso, a União Europeia passou a discutir um plano de aumento em seus gastos com Defesa, além de um fortalecimento da Otan. Em março, a UE delineou um plano de gastos de 800 bilhões de euros tanto em defesa própria quanto em prol de Kiev.
O principal objetivo dos europeus é se tornar independente da ajuda militar dos EUA, após Washington se mostrar um aliado não confiável.
Finalmente, no fim de junho, os 32 países da Otan (com exceção da Espanha) concordaram em elevar os gastos militares para 5% do PIB de cada nação até 2035.
‘Vladimir, pare!’
No fim de abril, alguns sinais surgiram nas falas de Trump de que a relação com Putin estava estremecida. Após um ataque violento a Kiev, que deixou 12 mortos, o presidente americano indicou falta de paciência com o Kremlin:
“Eu não estou feliz com os ataques russos a Kiev. Desnecessários e em um momento ruim. Vladimir (Putin), PARE! 5.000 soldados estão morrendo por semana. Vamos fechar o acordo de paz!”, escreveu o presidente norte-americano.
Cerca de um mês depois, em maio, Trump chamou Putin de “louco”, dizendo que conhecia o líder russo, mas que “algo aconteceu com ele”. Naquele momento, as cobranças sobre o republicano se intensificavam, visto que a paz que ele havia prometido seguia fora do horizonte.
“O que Vladimir Putin não entende é que, se não fosse por mim, muitas coisas realmente ruins já teriam acontecido com a Rússia — e quero dizer REALMENTE RUINS. Ele está brincando com fogo!”, escreveu Trump, em 27/5.
Trump diz que Putin está “brincando com fogo” em relação à Ucrânia
Reviravolta e ultimato
O tom de Trump em relação à Otan mudou após o acordo da aliança para o aumento dos gastos em Defesa.
O presidente recebeu Mark Rutte de forma amistosa no Salão Oval nesta segunda-feira (14), apontando sua fala contra Moscou.
“Estamos muito, muito insatisfeitos (com a Rússia), e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordo (de cessar-fogo) em 50 dias”, disse o republicano.
Nesta segunda, Trump reafirmou que enviará à Ucrânia os sistemas antimísseis Patriot, como havia dito no domingo (13), e baterias de lançamento do sistema.
O Patriot é o mais avançado sistema de defesa que o Ocidente já enviou à Ucrânia, e cada unidade custa cerca de US$ 3 milhões (R$ 15,6 milhões).
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