Visita do presidente dos EUA nesta terça (1º) ocorre dias antes da abertura da nova prisão, localizada em aeroporto de treinamento em região pantanosa dos Everglades, a cerca de 80 km de Miami. Conheça a ‘Alcatraz dos Jacarés’, nova prisão de imigrantes que Trump vai abrir na Flórida
O presidente Donald Trump visitará nesta terça-feira (1º) a “Alcatraz dos Jacarés”, novo centro de detenção de imigrantes na região de Everglades, na Flórida, que seu governo abrirá nos próximos dias. A visita de Trump está marcada para as 11h no horário de Brasília (10h no horário local da Flórida).
A nova prisão, adaptada a partir de uma pista de pouso de treinamento, foi apelidada dessa maneira por sua localização isolada, em uma região de pântano a cerca de 80 quilômetros a oeste de Miami. Segundo a Casa Branca, o complexo será especialmente seguro por estar “cercado por jacarés”.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
O centro de detenção está localizado no Parque Nacional dos Everglades, uma reserva biológica de 600 mil hectares localizada no sul da Flórida, e terá capacidade de manter até cinco mil presos. A nova prisão está sendo constituída às pressas e é considerada polêmica nos EUA por ter objetivo de abrigar imigrantes ilegais à espera da deportação em instalações improvisadas em meio às tentativas do governo Trump de acelerar prisões pelo país.
Imagem de satélite de 25 de junho de 2025 mostra estruturas brancas surgindo na pista de pouso em Everglades, na Flórida, que está sendo convertida em centro de detenção de imigrantes ilegais.
Planet Labs PBC via AP
O projeto da “Alcatraz dos jacarés” tem sido alvo de protestos pelo possível impacto ambiental sobre o pântano, um ecossistema delicado, e por críticas de que Trump estaria tentando usar o local para enviar uma mensagem aos imigrantes no país. Além disso, líderes indígenas se opõem ao projeto por afirmar que a terra é sagrada ali.
O principal argumento do governo Trump para o novo centro de detenção é justamente o isolamento do local —um pântano infestado de mosquitos, pítons e jacarés. A Casa Branca espera que isso transmita uma mensagem clara tanto aos detidos quanto ao mundo: as consequências de violar as leis de imigração dos EUA serão severas.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o centro é “conhecido informalmente como Alcatraz dos Jacarés”, apelido que assustou ativistas de direitos dos imigrantes, mas que agrada à abordagem agressiva do presidente republicano em relação às deportações. “Só existe uma estrada de entrada, e a única saída é um voo só de ida. É isolado e cercado por vida selvagem perigosa e terreno inóspito”, disse Leavitt.
O nome remete à lendária prisão de Alcatraz, localizada em uma ilha na Baía de São Francisco e fechada em 1963 devido ao alto custos de manutenção. O governo Trump afirma que a conversão da pista de pouso a nova prisão será barata, porém estima-se que os custos estimados de manutenção serão maiores: cerca de US$247 diários por detento mantido na “Alcatraz dos Jacarés”, contra os US$160 em prisões do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês).
A construção da nova prisão é mais um movimento das rígidas políticas anti-imigração promovidas por Trump desde que retornou à Casa Branca, em janeiro deste ano.
Initial plugin text
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, embarca no avião presidencial Air Force One em direção à Flórida para visitar ‘Alcatraz dos Jacarés’ em 1º de julho de 2025.
REUTERS/Evelyn Hockstein
‘Alcatraz dos jacarés’ para imigrantes ilegais
Ambientalistas e manifestantes protestam contra construção da prisão ‘Alcatraz dos Jacarés’ em frente ao Aeroporto de Treinamento e Transição Dade-Collier, na Flórida, em 28 de junho de 2025.
Mike Stocker /South Florida Sun-Sentinel via AP
Durante seu primeiro mandato, em 2019, Trump negou ter sugerido a construção de um fosso com jacarés na fronteira com o México. “Posso ser duro na segurança de fronteira, mas nem tanto”, disse na época.
Agora, em seu segundo mandato, Trump já sugeriu a possibilidade de reabrir Alcatraz, a notória e isolada prisão na ilha de mesmo nome, próxima a San Francisco. Leavitt reforçou que a localização hostil do novo centro na Flórida — e sua fauna perigosa — são características positivas.
“Um centro de detenção cercado por jacarés? Sim, acho que isso é um bom fator de dissuasão para tentativas de fuga”, afirmou ela.
O ex-deputado federal David Jolly, da Flórida, um ex-republicano que agora concorre ao cargo de governador como democrata, classificou o centro como uma “encenação política insensível”.
A Casa Branca também tem promovido o impacto político de enviar alguns imigrantes em processo de deportação para instalações como o centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, ou para uma megaprisão em El Salvador.
Os detidos pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) estão nessas instalações por motivos relacionados à imigração, como entrada ilegal no país ou permanência além do prazo do visto. Alguns aguardam deportação, outros lutam contra a remoção na justiça imigratória
Se o imigrante for acusado ou condenado por um crime violento, ele é julgado e mantido sob jurisdição criminal estadual ou federal, separada do sistema imigratório. Após cumprir a pena, pode ser transferido ao ICE para deportação.
Autoridades estaduais estão liderando a construção do centro na Flórida, mas grande parte dos custos está sendo coberta pela FEMA (Agência Federal de Gestão de Emergências), mais conhecida por atuar em desastres naturais como furacões.
O procurador-geral da Flórida, James Uthmeier — apontado pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, como o arquiteto do projeto — lançou a proposta com um vídeo bem produzido, com gráficos de jacarés de olhos vermelhos e trilha sonora de rock pesado.
O Partido Republicano da Flórida está arrecadando fundos com o centro, vendendo camisetas e porta-bebidas personalizados. O governador Ron DeSantis afirmou nesta segunda-feira que o centro poderá estar “pronto para funcionar” quando Trump chegar.
DeSantis, que concorreu contra Trump pela indicação republicana em 2024, também destacou a dificuldade de fuga do local.
“Eles não vão a lugar nenhum depois que estiverem lá — a menos que alguém queira tirá-los de lá — porque boa sorte em chegar à civilização”, disse o governador. “A segurança é impressionante.”