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‘The Economist’ diz que Lula perdeu influência no exterior e está cada vez menos popular no Brasil
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‘The Economist’ diz que Lula perdeu influência no exterior e está cada vez menos popular no Brasil

Segundo a revista britânica, presidente brasileiro tem se afastado da linha de pensamento dos EUA e outros países ocidentais. Lula durante entrevista a jornalistas no Planalto
Evaristo Sa/AFP
A revista britânica “The Economist” afirmou neste domingo (29) que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não só tem perdido popularidade no Brasil, como também vem perdendo influência no exterior.
De acordo com a reportagem, Lula tem adotado uma postura “cada vez mais hostil ao Ocidente”, ao se distanciar das posições defendidas pelos Estados Unidos e por grande parte dos países ocidentais, ao mesmo tempo em que se aproxima de nações como China e Irã.
Um dos exemplos mencionados pela revista foi o ataque dos EUA a complexos nucleares iranianos durante o conflito no Oriente Médio, com o objetivo de impedir o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã.
Na ocasião, Donald Trump classificou os ataques como uma “ação defensiva” para proteger os EUA e seus aliados. Antes disso, os EUA e alguns países europeus já haviam defendido a redução das tensões na região, ainda que com certo apoio a Israel, afirmando que o país “tinha o direito de se defender e garantir sua segurança”.
O Brasil, por outro lado, seguiu na direção oposta. Pouco depois do ataque dos EUA, o Ministério das Relações Exteriores divulgou uma nota condenando “com veemência” a ação norte-americana, alegando que esse tipo de ofensiva colocava em risco a vida e a saúde de civis.
“O governo brasileiro expressa grave preocupação com a escalada militar no Oriente Médio e condena com veemência, nesse contexto, ataques militares de Israel e, mais recentemente, dos Estados Unidos, contra instalações nucleares, em violação da soberania do Irã e do direito internacional”, afirmou a nota.
Segundo a revista, esse posicionamento do Itamaraty colocou o Brasil em “desacordo com todas as outras democracias ocidentais, que ou apoiaram os ataques, ou apenas expressaram preocupação”.
A reportagem aponta que esse cenário tende a se agravar, já que a aproximação entre Brasil e Irã deve se tornar ainda mais evidente durante a Cúpula dos Brics (grupo que reúne 11 países emergentes), marcada para a próxima semana no Rio de Janeiro.
Isso porque, além de o Brasil ocupar atualmente a presidência do grupo, o Irã passou a integrar os Brics em 2024, o que tende a fortalecer os laços entre os dois países.
“Quanto mais a China transforma o BRICS em um instrumento de sua política externa, e quanto mais a Rússia usa o BRICS para legitimar sua guerra na Ucrânia, mais difícil será para o Brasil continuar dizendo que não é alinhado”, afirmou Matias Spektor, da FGV, à revista.
A revista ainda chama a atenção para a tentativa dos diplomatas brasileiros em direcionar os temas da Cúpula para assuntos menos polêmicos e que não causem mais danos ao país. Segundo a reportagem, a ideia é evitar discussões sobre um debate que Trump já indicou desgostar: o uso de uma moeda diferente do dólar para as negociações entre os países do grupo.
“O papel do Brasil no centro de um BRICS expandido e dominado por um regime mais autoritário faz parte da política externa cada vez mais incoerente de Lula”, disse a revista, reiterando que o presidente brasileiro não fez nenhum esforço aparente para estreitar a relação com os EUA desde que Trump assumiu o cargo.
“Não há registro de que os dois tenham se encontrado pessoalmente, tornando o Brasil a maior economia cujo líder não apertou a mão do presidente norte-americano. Em vez disso, Lula corteja a China”, afirmou a reportagem, indicando que Lula também se dedicou a expandir os laços comerciais do Brasil com outros países desde que Trump anunciou as chamadas “tarifas recíprocas”.
A revista também indicou que Lula tentou — sem sucesso — mediar o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, criticou a falta de posicionamento sobre a situação do Haiti e alertou para a falta de pragmatismo político do presidente brasileiro, até mesmo para falar com a Argentina. Lula tem diferenças ideológicas com o presidente vizinho, Javier Milei, e há pouca conversa entre os dois.
“A fraqueza no cenário mundial é agravada pela queda na popularidade de Lula em casa”, disse a reportagem, destacando que a inclinação política do país tombou para a direita e que muitos dos brasileiros associam o PT à corrupção.
Com isso, segundo a revista, os índices de aprovação pessoal de Lula estão no menor patamar dos seus três mandatos — e o cenário tende a piorar, principalmente após a derrota do governo em tentar emplacar um decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
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A “The Economist” também cita a maior afinidade do movimento “Make America Great Again” , de Trump, com a ideologia do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Bolsonaro provavelmente será preso em breve por supostamente planejar um golpe para permanecer no poder após perder uma eleição em 2022. Ele ainda não escolheu um sucessor para liderar a direita. Mas se o fizer e a direita se unir a essa pessoa antes das eleições de 2026, a presidência será deles”, afirmou a revista.
Por fim, a reportagem afirma que mesmo diante dos últimos posicionamentos de Lula, Trump mal mencionou o presidente brasileiro ou o país desde que assumiu o cargo — o que pode estar associado ao déficit comercial que o país tem com os Estados Unidos (ou seja, o Brasil compra mais do que exporta para os norte-americanos).
“Mas seu silêncio também pode ser porque o Brasil, relativamente distante e geopoliticamente inerte, simplesmente não importa tanto quando se trata de questões de guerra na Ucrânia ou no Oriente Médio. Lula deveria parar de fingir que importa e se concentrar em questões mais próximas”, conclui a revista.

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